Jack Nicholson atravessou o cinema com uma presença que raramente pedia licença. Seja no suspense, na comédia ou no drama, fez de cada papel uma chance para romper convenções, questionar o controle e empurrar os limites da normalidade. Aos 88 anos, completados nesta terça-feira, 22 de abril, sua filmografia serve como um inventário de personagens que resistem ao esquecimento.
Três filmes, três versões de uma inquietação
O Iluminado (1980)

Dirigido por Stanley Kubrick e baseado no livro de Stephen King, O Iluminado acompanha Jack Torrance, um escritor que aceita o emprego de zelador de inverno em um hotel isolado nas montanhas do Colorado.
Levando sua esposa e filho pequeno, Jack se vê lentamente consumido pela solidão, pelo passado do hotel e por seus próprios fantasmas internos. O filme, disponível no catálogo da plataforma MAX, não oferece explicações fáceis, e Nicholson atravessa a história em um estado crescente de ruptura mental.
Um Estranho no Ninho (1975)

Em "Um Estranho no Ninho", Nicholson vive Randle McMurphy, um prisioneiro que se declara insano para escapar do trabalho forçado e é enviado para um hospital psiquiátrico. Lá, desafia as regras, os médicos e a figura opressora da enfermeira-chefe.
O filme, dirigido por Milos Forman, coloca o personagem de Nicholson como catalisador de uma tensão entre liberdade e controle, individualidade e conformismo. Ganhou cinco Oscars principais, incluindo Melhor Ator para Nicholson.
Atualmente, Um Estranho no Ninho está disponível apenas para alugues nas plataformas Prime Vídeo, Youtube Filmes e Apple TV, por R$ 19,90.
Alguém Tem Que Ceder (2003)

Mais de duas décadas depois, Nicholson encara outro tipo de labirinto: o das relações afetivas na maturidade. No longa dirigido por Nancy Meyers, ele interpreta Harry Sanborn, um produtor musical que se envolve com a mãe de sua namorada, vivida por Diane Keaton.
O filme, disponível na Prime Vídeo, revisita temas como desejo, envelhecimento e contradições emocionais, com diálogos que expõem o personagem sem buscar sua redenção.
Outras rotas no mapa de Nicholson
Para além desses três títulos, Nicholson deixou pegadas profundas em filmes como:
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Chinatown (1974), onde investiga os subterrâneos da corrupção em Los Angeles;
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Batman (1989), no papel do Coringa que antecedeu todas as versões posteriores;
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Os Infiltrados (2006), como o chefão do crime Frank Costello;
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Melhor é Impossível (1997), um misantropo que se vê obrigado a conviver;
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A Última Missão (1973), um retrato agridoce sobre lealdade e juventude.
Jack Nicholson nunca interpretou um tipo. Cada personagem parece querer reconfigurar o espaço ao redor, seja em um hotel assombrado, em uma instituição psiquiátrica ou em um jantar desconfortável.
Seus filmes são espelhos tortos que devolvem algo para quem observa — não exatamente uma resposta, mas uma pergunta nova.
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