Titan - o desastre da OceanGate em detalhes na Netflix
Produção entrega um retrato complexo — tanto da tecnologia falha quanto da vaidade humana que impulsionou a tragédia.
Por LockDJ
Publicado em 29/06/2025 20:18
Entretenimento
Documentário Titan - o desastre da OceanGate está disponível na Netflix (Foto; Divulgação)

No documentário “Titan: O Desastre da OceanGate”, a Netflix traça um panorama inquietante de um dos eventos mais perturbadores da exploração marítima contemporânea. Ao resgatar o colapso do submersível Titan, que implodiu em junho de 2023 durante uma expedição aos destroços do Titanic, a produção vai além da superfície sensacionalista e entrega um retrato complexo — tanto da tecnologia falha quanto da vaidade humana que impulsionou a tragédia.

 

A bordo do Titan estavam cinco passageiros, todos homens de alta projeção econômica e social, incluindo o próprio CEO da OceanGate, Stockton Rush, um entusiasta obcecado pela ideia de democratizar o turismo subaquático em áreas extremas. Sua paixão pelo Titanic beirava o messiânico: Rush queria ser pioneiro não apenas por ir onde poucos ousaram, mas por fazê-lo fora dos parâmetros tradicionais da engenharia marítima.

 

Ao longo de 1h51, o documentário recorre a depoimentos, imagens inéditas e simulações para reconstituir o antes, o durante e o depois do desaparecimento. Mas o mérito da produção está na forma como trata os dias de silêncio e angústia, quando o mundo parou para acompanhar, em tempo real, a busca desesperada por sinais do submersível. As manchetes, os boletins apressados, as suposições de resgate — tudo parecia girar em torno de uma esperança que se esvaía com o tempo e a profundidade.

 

Enquanto as famílias das vítimas lutavam contra o silêncio do mar e o espetáculo da mídia, a narrativa do documentário faz refletir sobre o custo da inovação sem ética e o risco de transformar tragédias em entretenimento. Não se trata apenas de um desastre técnico, mas de um erro filosófico — o desprezo por limites em nome do legado, da aventura e do lucro.

 

O Titan não apenas implodiu a mais de 3.800 metros de profundidade. Ele colapsou com uma ideia romantizada de heroísmo, com a confiança cega no improviso e com a crença de que o passado pode ser revivido sem consequências. Há algo de profundamente simbólico nesse desfecho: uma cápsula frágil descendo para visitar os escombros do Titanic, apenas para se tornar parte da mesma ruína.

 

No final, o documentário da Netflix, além da reconstituição da tragédia, é um espelho. E o que se vê refletido ali é o velho fascínio humano pelo abismo — e a arrogância de pensar que se pode dominá-lo.

 

 

⭐⭐⭐⭐ Nota: 9/10

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