Revisitamos o filme que deu um "susto" em Titanic no Oscar de 1998
O clima noir de "Los Angeles – Cidade Proibida" conseguiu surpreender e dividir os holofotes com o épico de James Cameron.
Por LockDJ
Publicado em 03/07/2025 11:46 • Atualizado 03/07/2025 11:47
Entretenimento
O elenco é um dos pontos altos do filme, com interpretações marcantes (Foto: Divulgação)

Em meio ao estrondoso fenômeno de Titanic no Oscar de 1998, um filme de atmosfera densa, visual estilizado e roteiro meticulosamente amarrado conseguiu surpreender e dividir os holofotes com o épico de James Cameron: Los Angeles – Cidade Proibida (L.A. Confidential).

 

Dirigido por Curtis Hanson, L.A foi um dos grandes destaques da temporada de premiações daquele ano e chegou a ser considerado o único concorrente capaz de desafiar seriamente o favoritismo absoluto de Titanic na corrida pela estatueta de Melhor Filme.

 

Baseado no romance homônimo de James Ellroy, Los Angeles – Cidade Proibida mergulha no submundo corrupto da polícia de Los Angeles nos anos 1950, resgatando com maestria a estética e a estrutura do cinema noir clássico. O enredo se desenrola a partir de uma chacina em uma lanchonete — conhecida como “Massacre no Night Owl” — e vai se desdobrando em tramas paralelas de corrupção, vingança, ambição e encobrimentos, todas ancoradas por personagens ambíguos e densamente construídos.

 

O elenco é um dos pontos altos do filme, com interpretações marcantes de Guy Pearce como o íntegro e obstinado Ed Exley, Russell Crowe no papel do violento, mas idealista Bud White, e Kevin Spacey como o detetive Jack Vincennes, cuja relação com a imprensa é quase tão forte quanto com a lei. Kim Basinger, em performance que lhe rendeu o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante, interpreta Lynn Bracken, uma mulher misteriosa que encarna o arquétipo da femme fatale com um toque de vulnerabilidade rara para o gênero.

 

Curtis Hanson conduz a narrativa com segurança e elegância. Seu trabalho de direção é meticuloso, equilibrando o ritmo tenso com uma composição visual sofisticada. A reconstituição de época se destaca, reforçada pela direção de arte, figurino e fotografia que evocam com precisão a atmosfera glamourosa e ao mesmo tempo sombria de uma Los Angeles dos bastidores — onde a polícia, o crime organizado e os estúdios de cinema se entrelaçam em um jogo de poder silencioso.

 

A crítica especializada recebeu o filme com entusiasmo. Elogios foram direcionados à complexidade do roteiro (assinado por Hanson e Brian Helgeland, vencedor do Oscar de Melhor Roteiro Adaptado), à profundidade dos personagens e à habilidade em dialogar com o noir sem parecer uma simples homenagem. O The New York Times o classificou como “um thriller inteligente e implacável”, enquanto a Variety destacou seu “poder narrativo incomum para os padrões dos blockbusters de fim de século”.

 

Mesmo com o domínio quase absoluto de Titanic, que levou 11 Oscars, Los Angeles – Cidade Proibida saiu consagrado da cerimônia com duas estatuetas (Roteiro Adaptado e Atriz Coadjuvante) e o status de um dos grandes filmes da década. Muitos críticos e cinéfilos apontam, até hoje, que o filme de Hanson teria merecido o prêmio principal, não apenas por sua qualidade técnica e narrativa, mas por sua atemporalidade e sofisticação.

 

Los Angeles – Cidade Proibida permanece como um marco do thriller policial contemporâneo. Em um ano em que a grandiosidade e o romance de Titanic dominaram a cultura popular, o longa de Hanson provou que o cinema de gênero — quando bem executado — ainda pode ser cerebral, elegante e perturbador.


O filme está disponível na plataforma Disney+


⭐⭐⭐ Nota: 10/10

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