Robert Redford, um dos nomes mais influentes da cultura cinematográfica do século XX, morreu aos 89 anos, em sua casa na região de Sundance, nas montanhas de Utah. A informação foi confirmada por sua publicista, Cindi Berger, à imprensa internacional nesta terça-feira (16). Não foi divulgada a causa da morte.
Nascido Charles Robert Redford Jr. em 1936, ele se tornou astro nos anos 1960/70 em títulos que moldaram o imaginário do “Novo Hollywood” — de “Butch Cassidy and the Sundance Kid” e “Golpe de Mestre” a “Todos os Homens do Presidente” — ao mesmo tempo em que desenhava, atrás das câmeras, uma carreira de diretor premiado.
Seu primeiro longa na direção, “Gente como a Gente” (1980), rendeu-lhe o Oscar de Melhor Diretor, e, em 2002, ele recebeu um Oscar honorário por sua contribuição ao cinema.
Mais do que estrela, Redford foi arquitetura institucional para uma nova ecologia cinematográfica: ao fundar o Instituto Sundance e o Festival de Sundance, ele criou um corredor de circulação e legitimidade para filmes independentes, revelando e impulsionando novas vozes — um gesto que redesenhou a relação entre indústria, crítica e público.
Também marcou presença como produtor e ambientalista, usando sua visibilidade para pautar debates sobre preservação e políticas públicas. Sua defesa de causas ambientais acompanhou décadas de atuação cívica e cultural, sempre conectando o ofício artístico a um projeto de sociedade.
Nos últimos anos, Redford voltou ao centro da conversa com atuações tardias de vigor — “Tudo Está Perdido” (2013) e “The Old Man and the Gun” (2018), anunciado por ele como o filme de despedida — e manteve a atenção no fomento de novos talentos.
Redford deixa a esposa, Sibylle Szaggars, e duas filhas; dois filhos — Scott (falecido em 1959) e James/David (falecido em 2020) — morreram antes do pai.
Por que sua obra importa (e continuará importando)
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Pontes entre mundos: Redford transitou entre o cinema popular e o autoral, abrindo caminho para que filmes independentes chegassem ao circuito e ao público.
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Instituição cultural viva: Sundance não foi apenas um festival; virou sistema de formação (laboratórios, fundos, rede), com impacto duradouro na diversidade de temas, estéticas e narrativas.
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Ética do ofício: a carreira como diretor e produtor mostra a coerência de quem apostou na autonomia artística e no cuidado com a forma — da condução de atores à lapidação de roteiros.
Cinco filmes para (re)ver hoje
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Butch Cassidy and the Sundance Kid (1969) – a química com Paul Newman que redefiniu o buddy movie (Disney +)
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Golpe de Mestre (The Sting, 1973) – artesania do golpe e timing cômico impecável (Canal Looke)
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Todos os Homens do Presidente (1976) – jornalismo, poder e a engenharia do suspense político (HBO MAX)
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Gente como a Gente (Ordinary People, 1980) – direção de estreia, precisão emocional (Aluguel por R$ 6,90 na Prime Vídeo)
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Até o Fim (All Is Lost, 2013) – minimalismo físico e existencial em estado puro (Prime Vídeo).