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Dia Mundial do Gorila: três eras de King Kong e o que cada uma disse ao cinema
1933, 1976 e 2005: três Kongs, três tecnologias, três visões de mundo, e um mesmo mito, sempre à beira do arranha-céu.
Por LockDJ
Publicado em 24/09/2025 11:58 • Atualizado 24/09/2025 11:59
Entretenimento
A criatura parece que nunca saiu do topo do Empire State (Foto: Reprodução)

24 de setembro, Dia Mundial do Gorila. O rei sobe o arranha-céu outra vez. Do stop-motion hipnótico de 1933 (Apple TV/Amazon) ao romance industrial de 1976 e ao espetáculo de 2005, de Peter Jackson (Prime Video/Netflix), King Kong revela como a sétima arte aprendeu a ver o monstro e a sentir por ele.


São três eras, um mesmo colosso, e um espelho da evolução técnica e ética do cinema. Uma trajetória que resume 90 anos de tecnologia, linguagem e sensibilidade na telona.

 

1933 — O nascimento do mito (Cooper & Schoedsack)

O original da RKO é um marco absoluto. Mistura live-action com stop-motion de Willis O’Brien, trilha de Max Steiner e imagética que moldou todo o cinema de monstros. Da criatura no topo do Empire State ao refrão trágico “Foi a beleza que matou a fera”.


Além de inaugurar uma linguagem de efeitos (matte painting, rear projection, miniaturas), o filme consagrou Fay Wray e entrou no National Film Registry.


Onde ver (BR, hoje):
aluguel/compra em Apple TV e Amazon.


1976 — A releitura setentista (John Guillermin)


Produzido por Dino De Laurentiis, o remake troca a equipe de cinema por uma petrolífera em plena crise do petróleo e desloca o clímax para as Torres Gêmeas, um cartão-postal da modernidade da época. Rick Baker veste a criatura (com efeitos mecânicos de Carlo Rambaldi), Jessica Lange estreia, e John Barry assina a trilha. O tom flerta com o romance absurdo e o espetáculo industrial do período. 

Onde ver (BR, hoje): disponível em Oldflix e Claro tv+ (catálogo brasileiro).


2005 — O épico romântico de Peter Jackson


Depois de O Senhor dos Anéis, Peter Jackson faz um tributo grandioso ao original. Três horas de aventura clássica, melodrama assumido e VFX de ponta da Weta Digital, combinando performance capture de Andy Serkis com animação de chaveamento. O resultado foi um Kong gestual e emotivo, com 4 milhões de pelos simulados.


Onde ver (BR, hoje):
Netflix e Prime Video.


Três Kongs, três leituras

  • Tecnologia: 1933 inventa gramática (stop-motion) e prova que efeitos contam histórias; 1976 aposta no animatrônico/suitmation e no set piece urbano das WTC; 2005 consolida a captura de performance como atuação de pleno direito.

  • Contexto: 1933 é escapismo da Depressão; 1976 respira petróleo, mídia e espetáculo; 2005 revê o passado com sensibilidade pós-LOTR, escala épica e romantismo trágico.

  • A fera: de símbolo do “exótico” dominado (1933) a vítima da ganância corporativa (1976) e, por fim, a criatura senciente e empática (2005), cuja queda comove porque agora a gente lê a alma nos olhos.


Por que isso importa no Dia Mundial do Gorila

A data (24 de setembro) marca a fundação do Karisoke Research Center (1967), de Dian Fossey, e chama atenção para conservação e ética no contato com grandes primatas, parentes próximos, vulneráveis a doenças humanas e à perda de habitat. O arco de Kong reflete essa mudança: do “monstro” ao ser que exige cuidado


Veredicto crítico (curto e grosso)

  • 1933: essencial. Cinema puro, impacto histórico gigantesco.

  • 1976: documento de época. Kitsch elegante, ideia forte (WTC/óleo), efeitos irregulares, mas carisma pop.

  • 2005: o mais afetivo. Espetáculo técnico com coração, capaz de fazer o mito respirar no século XXI. 

Pista final para maratonar hoje: se quiser entender como a ética e a técnica mudaram nossa relação com gorilas (e com monstros), veja 1933 → 1976 → 2005 nessa ordem. Depois, leia um pouco sobre o Karisoke e por que o turismo responsável importa.

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