O Skank sempre teve um talento peculiar para vestir a melancolia com camisas de algodão leve e guitarras ensolaradas. Em “Let Me Try Again”, clássico de Frank Sinatra, a banda mineira troca os arranjos orquestrais por uma pulsação pop sutil, quase íntima, conduzida pela voz contida de Samuel Rosa. O resultado é um cover que soa menos Las Vegas e mais Belo Horizonte em dia nublado. É elegante, afetivo, com um toque de descompasso calculado.
A canção, que na versão original era um manifesto de arrependimento grandioso, aqui ganha sotaque indie e um senso de humanidade despretensiosa. A produção é limpa, mas carregada de sentimento. Teclados suaves, baixo compassado, e uma interpretação que prefere o gesto pequeno à catarse. É como se o Skank dissesse que recomeçar não é um ato épico, e sim cotidiano. Um “tentar outra vez” dito em voz baixa.
No fim, “Let Me Try Again” vira um espelho do próprio fim da banda. Um adeus que soa como tentativa. Há um eco de saudade em cada verso, mas também um sorriso contido, típico de quem aprendeu que desistir nunca foi o estilo da turma de Minas. O Skank, afinal, sempre soube transformar o fim em refrão.