O feriado chega com ação nos cinemas. Estreia nesta quinta-feira (20) a nova versão de “O Sobrevivente”, agora estrelada por Glen Powell. O longa revisita a obra de Stephen King e reimagina um futuro distópico em que a televisão estatal controla narrativas e transforma a violência em espetáculo — por meio de um reality mortal que transforma pessoas comuns em alvos nacionais.
O remake chega quase quatro décadas depois da famosa adaptação de 1987, estrelada por Arnold Schwarzenegger, e se distancia propositalmente do clássico. Dirigido por Edgar Wright (Baby Driver, Scott Pilgrim), o novo filme propõe uma releitura mais crítica, irônica e contemporânea, sem perder a essência da trama original.
O que mudou no personagem principal?
A diferença mais profunda entre as duas versões está no protagonista, Ben Richards.
1987 – Arnold Schwarzenegger
Ben é um policial que se recusa a obedecer o regime autoritário e se nega a matar civis. Preso por desacato, ele participa de uma rebelião, foge e acaba sendo forçado a entrar no reality mortal “The Running Man”, enfrentando assassinos profissionais diante de um país inteiro.
2025 – Glen Powell
Aqui, Ben é um trabalhador comum, desempregado e pobre. Ele aceita participar do reality voluntariamente porque precisa de dinheiro para comprar remédios que podem salvar sua filha doente.
Embora ambos repudiem o sistema, cada um chega ao programa por caminhos totalmente diferentes — e em ambos os casos, a TV manipula a imagem deles, apresentando-os como criminosos violentos para justificar o espetáculo.
Sátira mais afiada e crítica mais evidente
O livro de Stephen King (sob pseudônimo Richard Bachman) já tinha uma veia satírica forte — mas o filme de 1987 priorizou a ação e as frases de impacto de Schwarzenegger. Wright faz o contrário:
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leva a sátira ao extremo,
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brinca com realities modernos,
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ironiza programas à la The Kardashians,
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e aprofunda a crítica ao controle estatal da mídia.
Como é característico do diretor, o humor é mais ácido, esperto e recheado de comentários sobre cultura pop e consumo de conteúdo.
Visão de futuro: do 2017 dos anos 80 ao “quase presente” tecnológico
A versão de 1987 imaginava o ano de 2017 com estética totalmente oitentista — hoje, uma distopia vintage. Já o remake opta por um futuro sem data definida, mas visualmente próximo da realidade:
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uso extensivo de drones para registrar os competidores;
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linguagens de vlog e diários de sobrevivência;
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interação com o público por redes sociais;
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manipulação audiovisual mais sofisticada.
A manipulação do governo continua central à história. O filme anterior previu, de forma impressionante, a lógica do deepfake — e o remake amplia esse conceito.
Personagens: um elenco renovado e novas dinâmicas
O único personagem que atravessa as duas versões é Dan Killian, o chefão da TV.
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Em 1987, vivido por Richard Dawson, ele também apresentava o reality.
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Em 2025, interpretado por Josh Brolin, ele assume apenas os bastidores do show. O apresentador agora é Bobby (Colman Domingo).
Na versão de Schwarzenegger, havia:
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Amber, interesse amoroso e figura-chave para revelar manipulações;
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Weiss e Laughlin, aliados que desafiam o sistema.
No remake, Ben compete com:
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Laughlin (mesmo nome, história totalmente nova),
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Tim, que encara o reality como a chance de viver intensamente seus últimos dias.
E há um arsenal de personagens inéditos:
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Bradley (Daniel Ezra): criador de conteúdos e teorias sobre o reality;
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Elton (Michael Cera): filho de um ex-policial rebelde, buscando vingança;
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Amelia (Emilia Jones): influenciadora que acredita na propaganda estatal;
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entre outros antagonistas e figuras que moldam o caminho de Ben.
Um remake que atualiza sem abandonar a essência
A nova versão de O Sobrevivente recria o universo distópico com uma lente contemporânea, colocando temas como manipulação digital, espetacularização da violência e pressão econômica no centro da narrativa.
Ao mesmo tempo, mantém a premissa clássica: um homem desafiando um sistema que transforma vidas em entretenimento, agora com mais profundidade emocional, crítica social e estilo visual característico de Edgar Wright.
A estreia reúne nostalgia, renovação e atualidade, e promete reacender discussões sobre mídia, poder e o quanto o entretenimento pode ir longe.