“There’s Too Much Love” parece escrita para quem caminha com o peito aberto demais para o mundo, e paga o preço em sensibilidade. A faixa do Belle and Sebastian carrega aquele brilho tímido de quem observa a vida pela fresta da janela, mas ainda assim insiste em acreditar que algum tipo de ternura pode sobreviver ao ruído do cotidiano. É um folk-pop que se recusa a endurecer, preferindo desmanchar-se em doçura.
A canção pulsa como um pedido silencioso, que o amor, mesmo em excesso, não transborde ao ponto de afogar. Stuart Murdoch canta com a serenidade de quem tenta arrumar o caos com as mãos, ciente de que o coração vive num descompasso próprio, vulnerável, mas teimosamente otimista. As cordas, leves como uma manhã nublada, sustentam um clima de melancolia luminosa.
No fim, “There’s Too Much Love” é uma confissão que não grita, sussurra. É música para quem aprende a existir entre feridas e flores, para quem aceita que sentir demais é, ao mesmo tempo, maldição e superpoder. Belle and Sebastian ergue, aqui, um pequeno altar para os excessos afetivos, lembrando que até o amor exagerado merece sua chance de repouso.