Google Analystic
Música da noite: a meia-luz onde o passado não desaparece
Na releitura do Undercover, a rua mais famosa da melancolia ganha neon, pulsação e um sabor estranho de déjà-vu urbano.
Por Redação Rádio VB
Publicado em 25/11/2025 19:40 • Atualizado 25/11/2025 19:40
Música
O groove eletrônico veste a melodia clássica com um casaco sintético (Foto: Reprodução)

A “Baker Street” do Undercover não caminha, ela desliza. A faixa renasce como um híbrido entre nostalgia e pista de dança, carregando um brilho artificial que parece iluminar mais rachaduras do que superfícies lisas. O groove eletrônico veste a melodia clássica com um casaco sintético, daqueles que brilham quando a noite decide não terminar. É Gerry Rafferty reinterpretado por alguém que conhece bem as esquinas onde a solidão se esconde.

O sax, agora digitalizado, quase fantasmagórico, paira como um letreiro antigo piscando no alto de um prédio abandonado. Ele não anuncia nada, apenas insiste em existir, lembrando que certos fantasmas não desaparecem com batidas mais rápidas. O vocal flerta com a suavidade, mas é uma leveza dura, como quem sorri sem estar realmente convencido de que vale a pena.

E no fim, é isso que torna a versão tão magnética: ela abre uma porta que você não sabe se deveria atravessar. No corredor imaginário dessa nova “Baker Street”, tudo parece familiar, mas nada está no lugar. É uma viagem para quem aprende a gostar da sensação de andar sozinho, e mesmo assim continuar.

Comentários
Comentário enviado com sucesso!