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Música da noite: sob a luz suja dos postes
Uma deriva urbana entre nostalgia, desejo e aquele velho caos afetivo que a cidade insiste em devolver.
Por Redação Rádio VB
Publicado em 26/11/2025 19:36 • Atualizado 26/11/2025 19:36
Música
A canção se ergue em uma urgência bonita que o grupo sempre soube traduzir (Foto: Divulgação)

“No Meio da Rua” sempre soou como um encontro acidental entre o coração e o asfalto. Um daqueles hinos que Kid Abelha fazia parecer simples, mas que carregavam uma pulsação secreta, meio pop, meio poema, meio bilhete amassado esquecido no bolso. Ouvir a faixa é como caminhar em linha reta numa rua torta, com aquela sensação de que tudo pode desabar ou se revelar num piscar de farol.

O que move a música é a colisão. Dois corpos que se procuram, se perdem e se reencontram em meio ao barulho da cidade. Não há fantasia, há só um desejo cru, exposto, que não pede licença. A canção se ergue nesse tremor, nessa urgência bonita que o grupo sempre soube traduzir. É o instante exato em que o cotidiano vira cinema, cartaz de neon queimado e chuva morna na calçada.

E no fim, “No Meio da Rua” permanece como um lembrete estranho e inevitável, como se a cidade fosse uma extensão da gente. Cada esquina devolve um pedaço do que fomos, cada movimento ecoa o que desejamos esquecer. E é justamente nessa mistura, meio caos, meio charme, que a música continua viva, respirando pelas brechas do concreto.

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