“Right Between the Eyes”, do Wax, é daqueles singles que atingem direto, sem rodeios, sem elegância forçada. Um choque elétrico, meio teatral, meio debochado, que traduz o espírito inquieto do final dos anos 80. Sintetizadores reluzindo como neon molhado e uma batida que parece convidar o corpo a um estado de urgência dançante. É pop com nervo, pop com charme torto, a estética perfeita para quem gosta de música que mascara inquietações com brilho artificial.
A faixa vibra entre o humor e a leve melancolia, com aquele vocal carregado de ironia que soa como um narrador que sabe mais do que diz. Não é apenas uma canção, é uma piscadela meio ácida para um mundo onde tudo parece performado. Há algo de cinematográfico na construção, como se, por trás dos sintetizadores e guitarras rebatidas, houvesse um personagem prestes a confessar um segredo que nunca chega.
E, no fim, “Right Between the Eyes” continua soando atual porque conserva essa tensão deliciosa entre sinceridade e espetáculo. É o tipo de música que atravessa a noite, instala-se na cabeça e insiste em permanecer, não como memória, mas como presença. Como um flash, como um impacto, bem entre os olhos.