Há exatos 62 anos, quando o calendário marcava 29 de novembro de 1963, quatro garotos de Liverpool lançavam “I Want to Hold Your Hand”, um compacto que parecia inofensivo, quase tímido na superfície, mas que, na prática, funcionou como o botão de ligar da Beatlemania global. Em meio a um mundo ainda abalado pelo assassinato de John F. Kennedy uma semana antes, a canção surgiu como um sopro de luz, uma pequena explosão de energia juvenil que ninguém sabia que precisava até ouvir.
O mais curioso é que a música, com seu refrão pegajoso, acordes cintilantes e aquele frescor de quem tá descobrindo o mundo, não fala de nada grandioso. Não há manifesto político, nem filosofia existencial, nem drama dissoluto. Eles só querem segurar a mão. Mas é justamente essa simplicidade desarmante que fez o planeta virar o rosto na direção deles. O gesto mínimo, íntimo, transformou-se em símbolo de uma geração prestes a romper com as velhas estruturas sem precisar ainda dizer isso em voz alta.
Sessenta e dois anos depois, “I Want to Hold Your Hand” não soa datada, mas, sim, originária. Um ponto de ignição. A faixa captura aquele instante raro em que uma banda ainda não sabe o tamanho do que vai se tornar, mas o mundo, de algum modo, já pressente. É como olhar uma fotografia de um Big Bang humano em câmera lenta.
Os Beatles pediam só para segurar a mão. Sem perceber, eles estavam pegando o mundo pela alma.