O desaparecimento do Voo 19, ocorrido em 5 de dezembro de 1945, permanece como um dos maiores mistérios da aviação, e um dos pilares da cultura pop do século XX. A esquadrilha de cinco aviões Grumman TBF Avenger, enviada para um voo de treinamento sobre o Atlântico durante os últimos meses da Segunda Guerra Mundial, simplesmente sumiu. Sem destroços, sem sinais de sobreviventes, sem explicação definitiva. O episódio, que completa 80 anos, foi recontado inúmeras vezes por historiadores, ufólogos, cineastas e escritores, mas nenhuma interpretação conseguiu substituir o magnetismo inquietante do desconhecido.
O documentário da HBO, “O Mistério do Triângulo das Bermudas”, desperta o interesse por essas narrativas de fronteira entre ciência, história e especulação. A produção mergulha em arquivos da Marinha americana, depoimentos de especialistas e reconstruções de voo, buscando separar mito e realidade em uma região eternamente associada ao extraordinário.
Com ritmo investigativo e estética sombria, o documentário reinterpreta o desaparecimento do Voo 19 sem recorrer ao sensacionalismo fácil. Analisa falhas técnicas, condições climáticas extremas, erros de navegação e, claro, os relatos que sugerem algo “além da compreensão humana”. O resultado é uma obra que alimenta o mistério ao mesmo tempo em que o contextualiza no imaginário coletivo.
Documentário desperta o fascínio coletivo pelo mistério (Foto: Reprodução)
E o Voo 19 não está sozinho nesse arquivo de sombras. O Triângulo das Bermudas acumula outros casos célebres, como o sumiço do cargueiro SS Cotopaxi, que desapareceu em 1925 e voltou aos debates após supostos avistamentos e referências culturais; o navio mercante Ellen Austin, que teria encontrado um navio fantasma e, depois, desaparecido; e o caso do voo DC-3 da Eastern Airlines, perdido em 1948 com 32 pessoas a bordo. Mesmo fora da região, tragédias misteriosas como o desaparecimento do avião que transportava Amelia Earhart, em 1937, e o caso mais recente do MH370, da Malaysia Airlines, mostram que a aviação ainda carrega zonas de silêncio, lugares onde a lógica falha e o medo se mistura à curiosidade humana.
O documentário da HBO compreende a força cultural do Triângulo das Bermudas como um território simbólico, onde a humanidade projeta seus medos, limites tecnológicos e fantasias sobre o desconhecido. O Voo 19, 80 anos depois, continua a voar entre essas camadas, não como uma resposta, mas como uma pergunta que o tempo se recusa a apagar.
