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Música da noite: poema em carne viva e o gesto que atravessa o silêncio
A faixa ressurge como um ritual íntimo, e a voz de Ney Matogrosso desmonta a linguagem e a oferece em estado bruto.
Por Redação Rádio VB
Publicado em 07/12/2025 19:03 • Atualizado 07/12/2025 19:03
Música
Em Poema, Ney transforma o silêncio em matéria sonora (Foto: Reprodução)

Há algo em “Poema” que não cabe nas estruturas habituais da canção. Ney Matogrosso não interpreta, ele convoca. Cada palavra soa quebrada, pulsante, recém-parida, como se a linguagem estivesse reaprendendo a existir na própria respiração. É um fragmento de mundo dito com a precisão de um sussurro que não teme a escuridão.

A música se equilibra nesse território entre confissão e performance, onde a voz vira corpo, gesto, rito. Ney ilustra emoções e as tensiona, expande, distorce, até que o ouvinte se veja dentro dessa atmosfera rarefeita, como quem percorre um corredor de espelhos que devolvem muito mais do que apenas o rosto.

No fim, “Poema” permanece como uma espécie de chama discreta. Não ilumina tudo, mas revela fendas. E é justamente ali, no intervalo entre o que se diz e o que escapa, que a canção encontra sua força. Ney Matogrosso transforma o silêncio em matéria sonora e faz da vulnerabilidade uma forma radical de presença.

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