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Mestre da vanguarda, Gerald Thomas abre projeto formativo no TAA
Diretor com trajetória internacional é responsável por algumas das obras mais provocadoras do teatro das últimas décadas.
Por Redação Rádio VB
Publicado em 12/12/2025 09:47 • Atualizado 12/12/2025 09:47
Cultura
Projeto “Vivendo o Teatro” inicia atividades com oficina comandada por Gerald Thomas (Foto: Divulgação)

O Teatro Arthur Azevedo volta a assumir protagonismo na formação de artistas maranhenses ao lançar o Projeto Vivendo o Teatro, uma iniciativa que pretende reformular a relação do público e dos criadores com a experiência cênica. De 15 a 18 de dezembro, sempre das 14h às 16h, o espaço recebe uma das figuras mais inquietas e influentes da cena contemporânea: Gerald Thomas, diretor com trajetória internacional e responsável por algumas das obras mais provocadoras do teatro das últimas décadas.

A oficina “Ser, Querer Ser Ator” abre a programação do projeto e funciona como convite e manifesto. Para Thomas, o ator nasce do desejo — um impulso interior que não se contenta com a imitação, mas busca compreender e traduzir o mundo. “Ser ator é querer ser”, repete o diretor, deslocando a discussão do campo técnico para o existencial. Não se trata apenas de voz, corpo e método: trata-se de humanidade, fricção, espanto.

Um mergulho na arte de atuar

O Vivendo o Teatro aposta em uma perspectiva formativa que vai além da transmissão de técnicas. A proposta é aprofundar o fazer teatral, aproximando os participantes de processos, linguagens e reflexões que moldam o teatro contemporâneo. A oficina conduzida por Gerald Thomas dialoga com essa visão ao propor um estudo radical do comportamento humano como matéria-prima da atuação.

Ao longo dos encontros, os participantes são provocados a investigar:

  • a formação artística como campo das humanidades;

  • a estética como escolha e responsabilidade;

  • os desafios éticos do ofício;

  • a construção de presença cênica a partir de experiências e observações do mundo;

  • e a liberdade de não se limitar a um único método de interpretação.

Thomas propõe uma abordagem que atravessa filosofia, história, política e estética, como um laboratório em que o palco é entendido como território de risco e liberdade. Sua referência passa por mestres que transformaram a linguagem teatral, como Beckett, Brecht, Grotowski, Kazuo Ohno, Peter Brook, Victor Garcia, Julian Beck e Bob Wilson.

Aos 53 anos de vida teatral, com mais de 120 produções em 15 países e mais de quatro décadas de atuação no Brasil, o diretor reafirma seu papel como provocador e formador. Já dirigiu nomes como Fernanda Montenegro, Fernanda Torres, Gal Costa, Marco Nanini — artistas que, assim como Thomas, desafiam fronteiras entre cena e pensamento.


Formação e contemporaneidade no palco maranhense


O Projeto Vivendo o Teatro, promovido pelo Governo do Maranhão por meio da Secretaria de Estado da Cultura e do Teatro Arthur Azevedo, pretende consolidar uma agenda contínua de qualificação, reunindo artistas locais, nacionais e internacionais. A ideia é aproximar a tradição do teatro maranhense da contemporaneidade que pulsa no mundo, criando pontes entre gerações e estéticas.


A chegada de Gerald Thomas inaugura essa nova fase com força simbólica: trata-se de um artista que, há décadas, desafia convenções e amplia a capacidade de percepção do público.

Um convite ao risco


O Vivendo o Teatro nasce com o desejo de transformar a formação teatral em experiência viva, não apenas um curso, mas um processo de descoberta. Ao convidar Gerald Thomas para a oficina inaugural, o Teatro Arthur Azevedo reafirma sua vocação histórica de ser espaço de criação, experimentação e pensamento crítico.

Entre 15 e 18 de dezembro, o palco do TAA se torna terreno para quem deseja mover-se entre o “ser” e o “querer ser” ator — um intervalo fértil onde nasce, verdadeiramente, o teatro.

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