No dia 6 de abril de 1483, nasceu em Urbino aquele que viria a ser um dos nomes centrais da arte renascentista: Raffaello Sanzio. Sua trajetória se desenvolveu entre Florença, assimilando lições de perspectiva e serenidade formal, e Roma, onde deixou as marcas mais duradouras de sua obra como pintor e arquiteto.
Rafael viveu apenas 37 anos, mas sua produção o posiciona, até hoje, ao lado de Leonardo da Vinci e Michelangelo na tríade que definiu os contornos da arte ocidental.
Com Rafael, a Renascença encontrou sua mais clara visualização do ideal clássico. Suas composições revelam um domínio que ultrapassa o equilíbrio visual. Há nelas uma arquitetura interna, uma ordenação do mundo visível que aponta para algo mais profundo — uma ética da imagem, uma tentativa de tornar visível a harmonia que os humanistas tanto buscaram no pensamento e nas proporções.
Entre suas obras mais emblemáticas está A Escola de Atenas (1509-1511), afresco pintado para os aposentos papais do Vaticano. Nele, figuras da filosofia antiga ganham corpo na forma de contemporâneos do próprio Rafael, numa síntese entre passado e presente, mito e razão. A cena não é apenas uma reunião de sábios: é uma alegoria do conhecimento como princípio estruturante da vida e da arte.

O Casamento da Virgem (1504), com sua perspectiva centralizada e precisão arquitetônica, e A Bela Jardineira (1508), onde o humano e o sagrado se cruzam com naturalidade, indicam o mesmo impulso organizador. A série de madonas — entre elas a Madona Sistina (1512) e a Madona Esterházy (1508) — oferece variações sobre o tema da maternidade divina, sem perder o tom introspectivo e meditativo.
Na Transfiguração (1520), concluída pouco antes de sua morte, o artista reúne elementos do drama, da glória e da dúvida. Há ali uma ruptura na serenidade que marca suas obras anteriores, talvez sinal de um mundo que começava a se afastar da confiança clássica.
O legado de Rafael não se limita à pintura. Sua atuação como arquiteto em Roma, sobretudo após a morte de Bramante, deu continuidade aos projetos arquitetônicos do Vaticano. Sua visão integradora da arte ecoou em séculos posteriores, sendo reverenciada por escolas acadêmicas e reavaliada por modernistas e contemporâneos.
Em 2017, sua vida e obra foram revisitadas no documentário Rafael – o Príncipe das Artes (Raffaello – il Principe delle Arti), produção italiana exibida em dezenas de países.
Combinando dramatizações, análises de historiadores da arte e recursos audiovisuais de alta definição, o filme oferece um mergulho visual e narrativo no universo do artista.
O ator Flavio Parenti interpreta Rafael, inserindo o espectador nas atmosferas da Florença renascentista e da Roma papal. A obra não se limita à biografia; ela se propõe a visualizar um pensamento pictórico, tornando visível o invisível que habita a superfície da tela. O documentário está disponível apenas com áudio original no Youtube (Veja AQUI)
Rafael Sanzio permanece como um ponto de convergência. Suas imagens não são apenas belas: elas são instrumentos de medida, um modo de avaliar o que é humano diante da ideia de perfeição. Num tempo em que o ruído muitas vezes suprime o olhar, voltar a Rafael é reencontrar uma forma de ver que ainda busca ordem, proporção e sentido.
Outros documentários sobre a vida e obra de Rafael Sanzio também estão disponíveis no Youtube:
Rafael Sanzio: A Escola de Atenas
Rafael Sanzio - Retrato do Amigo Cortesão
História da Arte: Refael
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