Lançada em março de 1982, a canção “Ebony and Ivory”, parceria entre Paul McCartney e Stevie Wonder, completa 43 anos neste sábado, 12 de abril. O single marcou uma colaboração entre dois dos artistas mais influentes da música popular ocidental no período pós-Beatles e dialoga com um contexto social de debate racial nos Estados Unidos e no Reino Unido.
A metáfora do teclado do piano, onde as teclas pretas e brancas coexistem em harmonia, estrutura a proposta lírica da música. McCartney e Wonder associam esse convívio sonoro à ideia de convivência entre pessoas de diferentes origens étnicas.
A letra busca transmitir uma mensagem de união em tempos de tensão racial, especialmente relevantes no início da década de 1980, período que registrou episódios de violência urbana e conflitos sociais com fundo racial.
A gravação mescla elementos do pop e da soul music, refletindo a estética dos dois intérpretes. McCartney, recém-saído do período de maior produtividade dos Wings, vinha apostando em colaborações com artistas de outras vertentes. Stevie Wonder, por sua vez, já consolidado como referência da música soul e do R&B, vinha explorando sonoridades mais acessíveis ao público pop global.
O videoclipe de “Ebony and Ivory”, com os dois artistas cantando lado a lado diante de um piano, teve ampla exibição na televisão e fortaleceu o apelo da canção em um momento de ascensão da MTV. A escolha dos artistas por uma performance conjunta, sem recursos visuais excessivos, contribuiu para reforçar a mensagem direta da composição.
A música atingiu o primeiro lugar nas paradas dos Estados Unidos, Reino Unido e outros países, e permanece como um dos registros mais emblemáticos de colaborações inter-raciais na música pop.
Apesar de críticas posteriores que apontaram certa simplificação nas abordagens das tensões raciais, a canção se mantém como um documento musical de seu tempo.
Quatro décadas depois, “Ebony and Ivory” segue objeto de releituras e debates. Seu aniversário de 43 anos convida à reflexão sobre o papel da música popular como meio de intervenção simbólica em pautas sociais e como espaço de convergência entre artistas de diferentes trajetórias.