Entre vinis riscados e fitas empoeiradas, Peter Frampton segue girando em loop nos cantos nostálgicos do rock. Nesta terça, 22 de abril, o músico britânico completa 75 anos de vida, mantendo a chama acesa de quem atravessou décadas com o microfone em mãos e um talk box como extensão da garganta.

Frampton não apenas tocou sua geração — ele a atravessou de palco em palco, com uma suavidade que não fazia alarde, mas nunca passou despercebida.

A canção que ainda respira com mais força dentro de sua obra é "Baby, I Love Your Way". Lançada em 1975, em uma versão de estúdio discreta, a música parecia destinada a um afeto tímido no catálogo do álbum Frampton. Mas o destino, sempre com suas voltas imprevisíveis, guardava outro fôlego para ela.

Foi no ano seguinte, com o disco ao vivo Frampton Comes Alive!, que a canção tomou o mundo de assalto. A plateia reagindo a cada nota, o som raspado da voz que não pedia licença para tocar, mas tocava — e o refrão que passou a fazer parte da educação sentimental de muita gente que nem sabia ao certo onde ficava a Inglaterra no mapa.

Aquela gravação se tornou mais que um hit: foi uma memória coletiva prensada em vinil. O disco virou um dos mais vendidos da década, e Frampton, símbolo de um tempo em que os álbuns ao vivo pareciam mais reais que a própria realidade.

Baby, I Love Your Way ganhou remixes, versões, homenagens e resgates. Foi moldada de novo nos anos 80 por Will to Power, que uniu sua melodia à força de Freebird do Lynyrd Skynyrd. Mas nenhuma leitura parece ter o mesmo impacto daquela gravação quente, ao vivo, onde a respiração do público se misturava à do artista.

Peter Frampton envelhece com o mesmo silêncio tranquilo que carregava no palco — aquele que só quem já disse tudo com acordes pode se dar ao luxo de manter. E “Baby, I Love Your Way” continua sendo sussurrada em rádios de madrugada, entre casais de todos os tipos, ou apenas por aqueles que aprenderam a dizer que amam com uma música de fundo.