Guarnicê 48: Festival reafirma São Luís como vitrine do cinema autoral
Os selecionados disputam o tradicional Troféu Guarnicê, além de prêmios concedidos por instituições parceiras.
Por LockDJ
Publicado em 20/05/2025 16:39 • Atualizado 20/05/2025 16:40
Cultura
Cena de "O silêncio das Ostras", de Marcos Pimentel (Foto: Divulgação)

A 48ª edição do Festival Guarnicê de Cinema, um dos mais longevos do país, dá mais um passo para ocupar seu espaço de resistência e renovação no circuito audiovisual brasileiro. Nesta terça-feira (20), a organização do evento anunciou a lista de longas-metragens e videoclipes que integram as mostras competitivas de 2024. Os curtas, que também fazem parte da programação, devem ser divulgados até o fim do mês.

 

Com mais de 1.500 produções inscritas nesta edição, o processo de curadoria filtrou 6 longas maranhenses, 8 longas nacionais e 18 videoclipes produzidos no Maranhão. Os selecionados disputam o tradicional Troféu Guarnicê, além de prêmios concedidos por instituições parceiras.

 

A curadoria dos longas esteve a cargo de Leandro Guterres, Filippo Pitanga e Camila de Moraes, sob coordenação da jornalista e produtora Stella Lindoso. O festival, promovido pela Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da UFMA, mantém sua proposta de refletir o panorama contemporâneo da produção independente, abrindo espaço para obras experimentais, olhares periféricos e linguagens que escapam do eixo mais comercial do cinema nacional.

 

Marcado para acontecer entre 30 de julho e 6 de agosto, o Guarnicê seguirá com formato híbrido: presencial em São Luís, com exibições e debates, e online para o restante do país, por meio do site guarnice.ufma.br e do aplicativo CineGuarnicê.


Panorama dos longas: entre o Maranhão e o país

 

A seleção maranhense reflete o fôlego documental da produção local. Obras como Fogo, murro e coice (Denis Carlos), A história do início do surf no Maranhão (Marcelo Vasconcelos) e Se não houvesse o DIVINO? (Paulo Fernando Ribeiro) partem de recortes culturais e afetivos, enquanto Apollo, ficção de Messias Saíssem, dá o tom dramático à seleção.

 

Entre os longas nacionais, o recorte é diverso e politicamente atento. O silêncio das ostras (Marcos Pimentel) e Ainda não é amanhã (Milena Times) exploram atmosferas ficcionais densas, enquanto documentários como Pau d’Arco (Ana Aranha) e Tijolo por tijolo (Victoria Álvares e Quentin Delaroche) mergulham em urgências sociais e históricas. A presença nordestina tem destaque para títulos vindos de Pernambuco e Bahia.


Videoclipes: território livre da estética sonora

 

Os videoclipes seguem como a categoria mais experimental e visualmente múltipla do festival. Com 18 trabalhos selecionados, a mostra reúne desde produções com forte viés autoral, como FILME TRASH de Frimes (dir. Lucas Sá), até propostas que flertam com o pop alternativo maranhense, como Te levo nos lençóis, de Enme (dir. Walber Sousa), e Vida é um $opro, de Neto Rozz (dir. Sunday James).

 

Nomes como Yoongesu, Frimes, Os Tropix, Enme, Alikia e Gugs, além do tradicional Bloco “Os Baratas”, integram a seleção, que evidencia a diversidade estética e sonora da cena musical maranhense atual. O destaque também vai para a forte presença de diretores independentes que apostam em narrativas visuais que dialogam com dança, performance, identidade e ancestralidade.


Rumo à edição 50

 

Às vésperas de completar meio século, o Guarnicê reafirma sua função de plataforma e espelho da produção audiovisual brasileira fora dos grandes centros. Com seleção ampla e linguagem descentralizada, o festival caminha para sua 48ª edição mantendo um olhar atento ao futuro, mas sem perder de vista as raízes que o constituem.

 

A programação completa, com sinopses, locais e horários de exibição, será divulgada nos próximos dias. Enquanto isso, os filmes e clipes já selecionados dão um bom indicativo: o cinema segue como um dos espaços mais potentes para dizer o que ainda não foi dito — e o Guarnicê, como sempre, escuta.

 

#48ªediçãodoFestivalGuarnicêdeCinema

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