Em entrevista ao site Inquirer.net, Carrey foi desafiado a montar uma lista com apenas cinco comédias favoritas. Ele até tentou escapar, disse que a tarefa era “difícil demais”, mas acabou abrindo o jogo — e revelando um gosto que vai muito além da comédia escrachada pela qual ele ficou famoso.
Chaplin, Sellers e a comédia que nunca envelhece
O primeiro título citado por Jim Carrey foi um clássico absoluto: ** Tempos Modernos (1936)**, de Charlie Chaplin. Para ele, o filme é “pura genialidade por vários motivos”, e não só pelas cenas icônicas, que, segundo o ator, “vão durar para sempre”. É aquele tipo de humor físico e crítico que atravessa gerações sem perder o impacto.
Na sequência, Carrey resgata uma pérola que muita gente esquece quando fala de Peter Sellers: ** Um Tiro no Escuro (1964)**. Em vez de citar apenas os filmes mais famosos da franquia A Pantera Cor-de-Rosa, ele destaca essa comédia como uma joia meio subestimada na filmografia de Sellers — perfeita para quem gosta de humor britânico cheio de timing desastroso e situações absurdas.
Comédias que também cutucam política e emoção
A lista de Jim Carrey não é feita só de gargalhadas. Ele também destaca filmes que usam a comédia como veículo para algo maior. Um deles é ** Shampoo (1975)**, com Warren Beatty, que o ator define como “brilhante” — uma comédia ambientada em um contexto político sério e, ao mesmo tempo, comovente. É aquele tipo de filme que faz rir, mas deixa um incômodo no fundo da mente.
Carrey ainda cita outro queridinho dos cinéfilos: ** Ensina-me a Viver (1971)** (Harold and Maude). Ele lembra especialmente de um momento simbólico do longa: quando a tatuagem no braço de Maude revela um passado ligado a traumas históricos. Para Carrey, é o ponto em que “tudo o que era ridículo e engraçado de repente se une em uma ideia muito séria”. É a comédia como catarse — estranha, doce e profundamente humana.
Jim Carrey na própria lista (com aquela marra impagável)
E como um bom comediante que sabe brincar com o próprio ego, Jim Carrey não perdeu a chance de se colocar na seleção. O quinto filme da lista é ** O Pentelho (1996)**, longa em que ele interpreta um técnico de TV obcecado que leva a amizade a níveis perigosamente esquisitos.
Com bom humor, ele mandou essa:
“Eu teria que incluir o meu na lista – O Pentelho. Eu deveria ter ganhado um Oscar por esse filme, mas eles não dão Oscar para esse tipo de coisa.”
A frase é meio piada, meio desabafo — e combina perfeitamente com o tom do filme, uma comédia sombria e incômoda que, na época, dividiu opiniões, mas hoje é vista por muita gente como um dos trabalhos mais ousados de Carrey.
Os filmes de comédia favoritos de Jim Carrey
-
Tempos Modernos (1936)
-
Um Tiro no Escuro (1964)
-
Shampoo (1975)
-
Ensina-me a Viver (1971)
-
O Pentelho (1996)
Uma lista que mistura clássico, política, esquisitice e melancolia — exatamente o tipo de comédia que não se limita a fazer rir, mas cutuca, provoca e fica ecoando na cabeça depois que os créditos sobem.