Mais de três décadas depois de “Sociedade dos Poetas Mortos”, Ethan Hawke continua descobrindo novas camadas do período em que contracenou com Robin Williams, mentor da turma na ficção e figura complexa na vida real. Em entrevistas recentes ao CBS Sunday Morning e à Vanity Fair, o ator recordou como, aos 18 anos, presenciou momentos de pura genialidade, e também de profunda vulnerabilidade, do colega que interpretava o carismático professor John Keating.
Hawke, hoje celebrando o impacto de seu trabalho em “Blue Moon” (2025), contou que logo percebeu a “luta interior” de Williams. Segundo ele, o comediante oscilava entre explosões improvisadas de criatividade, que arrancavam risadas e admiração do set, e instantes de recolhimento absoluto, quando buscava cantos escuros para se recompor. “Todo aquele poder e carisma vinham com um custo”, resumiu o ator, lembrando como reconheceu, na sensibilidade extrema de Williams, a sombra familiar da depressão.
O intérprete de Todd Anderson também revisitou lições que aprendeu observando o diálogo entre Williams e o diretor Peter Weir. Se o ator improvisava livremente, guiado por impulsos criativos irresistíveis, Weir encontrava formas de canalizar essa energia para a narrativa. “Robin não seguia o roteiro, e eu não sabia que isso era possível”, disse Hawke.
“Ele tinha uma ideia e simplesmente fazia. Weir não resistia; eles construíam juntos.” Para Hawke, foi a primeira vez que testemunhou como uma grande colaboração pode existir mesmo entre artistas que trabalham de formas completamente distintas.
O tributo de Hawke reacende conversas sobre o legado de Williams, vencedor do Oscar de Melhor Ator Coadjuvante em 1998 por “Gênio Indomável”, e cuja trajetória foi marcada por desafios emocionais profundos antes de sua morte, em 2014. Já Hawke, dono de quatro indicações ao Oscar, é um dos nomes cotados para voltar à disputa em 2026 por sua transformação em Lorenz Hart na cinebiografia “Blue Moon”.
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