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Música da noite: descompasso doce-amargo
The Shins sussurra promessas, desafina certezas e ainda assim encontra beleza no caos com Caring Is Creepy.
Por Redação Rádio VB
Publicado em 13/12/2025 19:39 • Atualizado 13/12/2025 19:39
Música
Caring Is Creepy funciona como uma espécie de mantra sobre o lado esquisito de se importar demais (Foto: Divulgação)

Caring Is Creepy”, faixa de abertura do clássico Oh, Inverted World (2001), é daquelas músicas que parecem se dissolver no ar ao mesmo tempo em que te puxam para dentro. O The Shins inaugura seu universo com uma estética meio ensolarada, meio fantasmagórica, onde as guitarras tremidas e os vocais tímidos de James Mercer criam uma tensão suave, aquela sensação de existir entre o encanto e o desconforto. É indie em estado bruto, mas já cheio de personalidade.

A letra, com seus fragmentos de afetos tortos, funciona como uma espécie de mantra sobre o lado esquisito de se importar demais. Mercer costura metáforas que nunca se revelam por completo, como se estivesse mais interessado na atmosfera do que em respostas. E é justamente essa ambiguidade, esse não-lugar entre o romantismo e o desencanto, que faz a música permanecer décadas depois, vibrando na zona cinza dos sentimentos.

“Caring Is Creepy” é a porta de entrada perfeita para o mundo particular do The Shins, meio introspectivo, melódico, deslocado e, de algum modo, libertador. É trilha sonora ideal para quem gosta de mergulhar em emoções confusas, caminhar sem destino ou simplesmente sentir o vento passar entre ideias que ainda não fazem sentido. A beleza está ali, discreta, torta, mas insistente.

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