“Like a Rolling Stone” não se trata de conforto, é empurrão. É a canção que tira o chão, arranca o sobrenome, desmonta o status e deixa o personagem andando sem mapa, sem destino, só com o eco da própria pergunta: how does it feel? No universo roqueiro, essa sensação sempre encontrou ressonância na atitude crua e debochada dos The Rolling Stones.

Há algo de profundamente stoniano nesse estado de queda, viver sem pedir licença, tropeçar com estilo, rir do próprio fracasso antes que alguém ria por você. O cover de Dylan vira um espelho rachado, no qual glamour e miséria dividem o mesmo reflexo, e a estrada não promete redenção, apenas movimento.

 
No fim, ser uma “rolling stone” não é perder tudo. É perder o peso. É aceitar o desconforto como motor criativo, o vazio como espaço de reinvenção. A pedra rola, o mundo gira, e quem sobrevive aprende que liberdade nunca foi suave, e, sim, barulhenta, irônica e um pouco cruel.