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Aos 60, Rubber Soul ensinou os Beatles a respirar diferente
Uma ode ao momento em que a banda trocou o foguete do estrelato por uma nave interior.
Por Redação Rádio VB
Publicado em 03/12/2025 05:00
Música
Ruber Soul é disco onde a inocência despede-se em silêncio (Foto: Divulgação)

Sessenta anos depois, Rubber Soul ainda soa como aquela porta que se abre sem aviso, e, quando você entra, percebe que o mundo já não é mais o mesmo. Lançado em 3 de dezembro de 1965, o sexto álbum dos Beatles marca o instante exato em que o quarteto abandona a caricatura de banda pop para mergulhar em um laboratório emocional, estético e existencial. É o disco onde a inocência despede-se em silêncio e a curiosidade assume o volante.

Com violões que parecem ter sido afinados na penumbra, harmonias cheias de fumaça e letras que abraçam o desconforto, Rubber Soul tem uma vibração de transição. Não é mais o rock limpinho dos primeiros anos, nem ainda a psicodelia escancarada que viria depois. É um meio-termo raro, uma espécie de zona de metamorfose em que canções como “Norwegian Wood” acendem fósforos na escuridão e “In My Life” transforma memória em arqueologia emocional. Há um charme quase artesanal no disco, como se cada faixa tivesse sido lixada à mão.

E talvez por isso ele continue vivo. Rubber Soul é um movimento interno, da banda e de quem escuta. É o momento em que os Beatles descobriram que crescer também podia ser groove, melancolia e reinvenção. E que a música, quando se permite dobrar como borracha, acaba encontrando formas que não passam com o tempo.


Sessenta anos depois, ainda é possível apertar o play de Rubber Soul como quem revisita um velho retrato que continua, teimosamente, mais novo do que nós.

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