Foi há 31 anos. Num dia como este, a voz do grunge se calou. Kurt Cobain não queria ser um ícone, mas virou um. Fundador do Nirvana, ele escreveu hinos sem a verdadeira intenção, viveu no underground e foi puxado para o centro. Tantos anos depois, sua voz ainda ressoa entre riffs distorcidos, letras cortadas e silêncios que dizem mais do que palavras.
Kurt Donald Cobain nasceu em 20 de fevereiro de 1967, em Aberdeen, Washington, e morreu por volta de 5 de abril de 1994, em Seattle. Foi cantor, compositor e guitarrista, fundador da banda Nirvana, uma das principais responsáveis por impulsionar o gênero grunge no início da década de 1990.
Uma voz quebrada em um grito coletivo, os fragmentos de Kurt carregavam o peso de ser ouvido, entre ruído e reverberação, sem desejar ser profeta.
A ascensão com o Nirvana
Cobain fundou o Nirvana ao lado de Krist Novoselic. Nos primeiros anos, a banda enfrentou dificuldades em atrair público e passou por mudanças frequentes de baterista. Com Chad Channing, o grupo lançou seu primeiro álbum, Bleach (1989), pela gravadora independente Sub Pop.
Insatisfeito com o estilo de Channing, Cobain buscou um novo integrante e encontrou Dave Grohl, cuja entrada marcou uma virada na trajetória do grupo.
Em 1991, o Nirvana lançou o álbum Nevermind, que trouxe o single Smells Like Teen Spirit. A faixa tornou-se um marco do rock alternativo e simbolizou a explosão do grunge.
O sucesso do Nirvana impulsionou outras bandas de Seattle, como Pearl Jam, Soundgarden e Alice in Chains, consolidando o rock alternativo nas rádios e na televisão dos Estados Unidos.
Reação à fama e conflitos internos
Apesar do reconhecimento, Cobain demonstrava desconforto com a fama e com a forma como sua arte era interpretada. Considerado porta-voz da chamada "Geração X", ele resistia à ideia e preferia destacar a música como prioridade. Com o álbum In Utero (1993), o Nirvana buscou desafiar expectativas e recuperar uma sonoridade mais crua.
Cobain expressava frustração com a superficialidade de parte de seu público e criticava a interpretação literal de suas letras. Em entrevistas e nos encartes dos álbuns, deixava claro que suas composições reuniam opiniões sinceras, sarcasmos e críticas a clichês.
Engajamento e visão política
Kurt Cobain apoiava causas sociais e se posicionava publicamente. Foi defensor do direito ao aborto e participou da campanha Rock for Choice, idealizada pela banda L7. Por conta disso, recebeu ameaças de grupos contrários ao movimento pró-escolha.
Influências musicais
Entre as influências mais marcantes de Cobain estão os Beatles, AC/DC, Led Zeppelin, Black Sabbath, Aerosmith, Queen e Kiss. O punk rock também exerceu impacto significativo, especialmente bandas como Sex Pistols e The Clash.
Nos anos 1980, Cobain se identificou com o som alternativo do Pixies, Sonic Youth e R.E.M., sendo este último citado como uma referência para o que imaginava ser o futuro sonoro do Nirvana.
No disco MTV Unplugged in New York, lançado em 1994, após sua morte, é possível observar essa transição sonora, com interpretações acústicas que foram comparadas ao álbum Automatic for the People, do R.E.M.
Letras e processo criativo
Segundo Dave Grohl, Cobain priorizava a melodia sobre as palavras. Ainda assim, era detalhista com suas letras, modificando versos até mesmo durante apresentações.
Em seus diários, Cobais descrevia suas composições como contraditórias e ambíguas, misturando sinceridade, sarcasmo e crítica social.
Relação com a literatura
Cobain tinha forte apreço pela obra de William S. Burroughs, autor da contracultura norte-americana. Em 1993, gravou com Burroughs a faixa The "Priest" They Called Him, em que o escritor declama um poema ao som da guitarra de Cobain. Durante turnês, carregava um exemplar da novela Naked Lunch.
Morte e legado
Kurt Cobain foi encontrado morto em sua casa em Seattle no dia 8 de abril de 1994. A causa oficial foi suicídio por tiro de espingarda. A morte do artista, aos 27 anos, tornou-se tema recorrente de debates e representações culturais, além de muitas teorias conspiratórias envolvendo a própria esposa, Courtney Love.
A vida de Kurt Cobain foi retratada em produções como o documentário Kurt & Courtney (1998), o filme Last Days (2005), e o documentário Kurt Cobain: Retrato de uma Ausência (2006).
Em 2006, figurou no topo da lista da revista Forbes como a celebridade falecida que mais gerou receita naquele ano, com lucros estimados em 50 milhões de dólares. Em 2014, foi introduzido ao Rock and Roll Hall of Fame, com os colegas Krist Novoselic e Dave Grohl.
Kurt Cobain partiu, mas não desligou o amplificador. Sua ausência preenche espaços, suas composições continuam em movimento. Entre gravações ao vivo, fitas caseiras e letras riscadas, ele segue sendo ouvido — mesmo quando não se queria escutá-lo.
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